Estar aberto às novas ideias e criar uma cultura de inovação, por meio do incentivo às mudanças ainda não é algo fácil para as empresas.
Há muito tempo inovar deixou de ser um diferencial para se tornar uma obrigação para quem quer ser competitivo no mercado. A prática é tão importante que atualmente existem cargos dentro das empresas para profissionais que dedicam todo seu tempo para percorrer os caminhos da inovação e descobrir novas soluções que tornem o trabalho da companhia mais eficaz.
Entretanto, para conseguir trilhar esse percurso, a cultura corporativa precisa estar aberta ao novo e incentivar essa busca entre seus colaboradores. Quem explica isso é Ana Paula Debiazi, CEO da Leonora Ventures, empresa focada em trazer soluções inteligentes para diversos setores do mercado.
Segundo ela, a inovação é mais do que um termo para “boas ideias”, mas, sim, uma maneira de pensar e agir que viabiliza soluções criativas e rentáveis para a empresa e, neste processo, melhora a percepção e o valor de mercado da organização.
A inovação no mercado
Para a profissional em soluções inovadoras, o cenário do mercado atual mostra o quando a inovação e adaptação são necessárias para a sobrevivência de qualquer negócio. “A inovação passa a ser mandatória para quem quer sobreviver no mercado, independente da área de atuação, se é empresa ou se é um profissional”, afirma Ana Paula.
Para ela, essa preocupação com a inovação é uma consequência necessária dos momentos vividos nos últimos tempos, principalmente considerando o ano de pandemia. E não apenas porque muitos trabalhos mudaram de formato, mas porque os clientes e os consumidores também alteraram sua rotina e, consequentemente, suas expectativas.
“O hábito de consumo está mudando rapidamente devido ao fácil acesso à informação, isso faz com que as empresas tenham que estar em constante atualização, entendendo o perfil de seu consumidor e sempre se adequando”, explica a executiva, dizendo que a inovação caminha para esse rumo: o de encontrar soluções eficazes tanto para a empresa quanto para seu público.
Fazer isso ainda é um desafio para muitos negócios – e por isso o assunto é sempre tão discutido. Isso porque, além da conversa sobre os caminhos da inovação, que, segundo Ana Paula Debiazi, já são desafiadores por si só, muitas empresas ainda se mantêm fechadas ao novo e aos movimentos de disrupção do mercado, mesmo que de maneira indireta.
Para ela, a cultura da inovação exige, tanto da sociedade quanto das empresas e governo, muito conhecimento, mas também resiliência para trilhar esse caminho.
Os caminhos da inovação
“Gestores experientes sabem que apenas uma boa ideia não é suficiente para manter o negócio competitivo”, diz a CEO da Leonora Ventures, que diz que conseguir criar uma cultura de inovação é algo que leva em consideração muitos outros aspectos, como investimento, mudanças nos processos e confiança em sua equipe.
Em suas palavras, “para se manter competitivo no mercado e conseguir criar a cultura da inovação, é preciso estar ciente de tudo o que envolve este movimento. Isso não acontece da noite para o dia nem tampouco é um caminho simples, daqueles que com processos tradicionais se resolvem. É preciso dedicação, investimento e espaço para que a inovação floresça”.
Entrar para os caminhos da inovação, portanto, requer um esforço das empresas. Entretanto, nem todas estão abertas a aceitarem bem o que é preciso fazer. Mudar crenças e dogmas, aceitar erros de processo, incluir mudanças nos planos ou no formato de trabalho são ações que podem ajudar a empresa no quesito inovação, mas nem sempre são bem vistas pelos gestores e colaboradores.
Na opinião de Ana Paula, esse é o primeiro passo: ter gestores que entendam a importância das ideias boas e eficazes que podem surgir de qualquer pessoa da sua equipe. E mais: é preciso incentivar e impulsionar esse pensamento entre os colaboradores uma vez que os caminhos para a inovação são, antes de tudo, colaborativo.
Outro ponto primordial na visão da executiva é entender a importância do investimento em inovação. “Boas ideias nascem e morrem todos os dias. Apenas aquelas que de alguma forma são impulsionadas conseguem criar tração para crescerem. Não há ideia inovadora que sobreviva à falta de oportunidade”, afirma.
Como incentivar ideias inovadoras
Além de ter abertura para novas ideias, reconhecer seus potenciais e investir nelas, incentivar colaboradores e gestores dentro de um ambiente de inovação também exige um esforço por parte da empresa. Tanto os “tomadores de decisão” quanto funcionários precisam se sentir à vontade para encontrar erros ou problemas e dar novas ideias e soluções.
De acordo com Ana Paula Debiazi, empresas tradicionais que querem inovar precisam ter uma estratégia bem estruturada. “Isso para que a empresa não mate as novas ideias com processos consolidados e a cultura organizacional estabelecida. O ambiente inovador deve ser entendido como algo que deve se mover rápido, e fazer as mudanças tão logo surja a necessidade”.
Isso exige resiliência e adaptação por parte das empresas. “A empresa deve mapear suas dores e isso precisa ser entendido como algo bom. Sem julgamentos de processos ultrapassados, errados ou não realizados”, afirma.
Com isso, outra problemática surge: as ideias precisam ser levadas a sério. De acordo com a executiva, os profissionais escolhidos para buscar as possibilidades de inovação são, muitas vezes, descredibilizados. “Os profissionais escolhidos para este desafio não podem ser confundidos com ‘os meninos da TI, que arrumam computadores’, por exemplo. Devem ser profissionais com autonomia e qualificação para buscar essas inovações”.
Terceirizando a inovação
Nem sempre criar uma cultura de inovação e incentivar mudanças é algo fácil para as empresas, seja pela cultura organizacional já estabelecida ou outras questões de gestão. Por isso, uma das formas de incentivar a inovação dentro da empresa é terceirizar essa função.
A ideia pode parecer contraditória, afinal, como pessoas de fora saberão o que é melhor para a empresa? Entretanto, a CEO da empresa de soluções afirma que é exatamente sobre isso: “entenda que a empresa já possui uma cultura, governança, processos. E a inovação é uma ruptura disso tudo. O que pode ser difícil para a empresa e seus gestores compreenderem isso”.
Dessa maneira, uma empresa focada apenas em encontrar os pontos que precisam de ajuste e sugerir melhorias, com uma visão externa, pode ser a melhor opção. Mas tal medida também merece atenção. “Às vezes a empresa quer comprar uma startup para trazer inovação, mas esse não é o melhor caminho, pois esta startup acaba sendo absorvida pela cultura da corporação já existente, o que torna muito difícil implantar processos inovadores”, diz.
Encontrar os caminhos da inovação pode ser um desafio para muitas empresas, como foi discutido por Ana Paula Debiazi, mas quando essa cultura organizacional entra em funcionamento dentro da empresa, voltar atrás deixa de ser uma opção. “Eu digo que é um caminho sem volta, ou você o toma e segue, aprendendo e aceitando os resultados advindos desse processo, ou então sua empresa correrá o risco de ficar defasada no mercado”, finaliza.
POR THAINÁ ZANFOLIN - 2 DE JULHO DE 2021 - Consumidor Moderno
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